QUANDO A ESCOLA VIRA O QUINTAL DE CASA: UM ESTUDO DOS JOGOS TRADICIONAIS E DA CULTURA LÚDICA DAS CRIANÇAS PANTANEIRAS
DOI:
10.52367/BRJPD.2675-102X.2021.3.3.58-78Palavras-chave:
Cultura Lúdica, Jogos Tradicionais, Escola das Águas.Resumo
A Escola Fazenda Santa Mônica (EFSM) é um internato bimestral no Pantanal Sul-mato-grossense. O objetivo deste estudo é analisar os jogos tradicionais das crianças da EFSM à luz do debate da cultura lúdica. Para tanto, realizou-se um estudo de caso dispondo de diário de campo para coletar dados e da análise de conteúdo para organizar, categorizar, analisar esses dados. Os jogos tradicionais são conhecidos desde sempre (por crianças e velhos), num contexto sociocultural e sobrevivem ao tempo pela disseminação intergeracional (imitação, instrução ou colaboração). Na EFSM alguns desses jogos, quando vivenciados, mantém sua estrutura principal (tema), regras e objetivos (forma), porém outros passam por adaptações, pois a ressignificação é recorrente na cultura lúdica infantil. Pensar nos jogos tradicionais das crianças pantaneiras é realçar sua potência lúdica para transformar o espaço institucional da EFSM num lugar único, aonde é possível expressar suas individualidades, socializar, construir conhecimentos e ressignificar sua cultura lúdica.
Downloads
Referências
ARANTES, M. H. A construção da identidade de crianças pantaneiras. Dissertação (Mestrado em Psicologia), Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2007.
BAHIA, A. B. Jogando arte na Web: educação em museus virtuais. Tese (Doutorado em Educação), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal. Edições 70, 1979.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo, SP: Edições 70, 2011.
BARROS, M. Meu quintal é maior do que o mundo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.
BASTIDE, R. As Trocinhas do Bom Retiro. Prefácio. In: FERNANDES, F. Folclore e Mudança social na cidade de São Paulo. 2. ed. São Paulo: Anhambi, 1979, p.150-258.
BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Tradução de Pedrinho A. Guareschi. 7. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
BECK, D. Q.; ESPERANÇA, J. A. (Orgs.). Infâncias em foco: mídia, consumo e artefatos da cultura contemporânea. Rio Grande: Ed. da FURG, 2017.
BENITES, L. C. et al. Análise de conteúdo na investigação pedagógica em educação física: estudo sobre estágio curricular supervisionado. Movimento, v.22, n.1, p.35-50, 2016. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/53390 Acesso em: 22 jan. 2021.
BOGDAN, R.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução a teoria e aos métodos. Porto: Porto Ed., 1994.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.
BROUGÈRE, G. Brinquedo e cultura. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2013.
BROUGÈRE, G. La ronde de la culture enfantine de masse. In: BROUGÈRE, G. (Org.). La ronde des jeux et jouets. Paris: Autrement, 2008, p. 5-21.
BUJES, M. I. Criança e brinquedo: feitos um para o outro? In: COSTA, M. V. (Org.). Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura e cinema. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2000.
CABRAL, A. Jogos populares infantis. Lisboa: Editorial Notícias, 1998.
CAMPOS, C. C. G.; JOBIM E SOUZA, S. Mídia, cultura do consumo e constituição da subjetividade na infância. Psicol. cienc. prof. [online]. v. 23, n. 1, p.12-21, 2003. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5915878 Acesso em: 22 jan. 2021.
DENIEUL, P-N. Historia del jugar. In: JAULIN, R. Juegos y Juguetes. Ensayos de etnotecnología. México: Siglo Veintiuno Editores, 1981. p. 43-59.
DOMINGUEZ, C. R. C; TRIVELATO, S. L. F. Crianças pequenas no processo de significação sobre borboletas: como utilizam as linguagens? Ciência & Educação, v.20, n.3, p.687-702, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ciedu/v20n3/1516-7313-ciedu-20-03-0687.pdf Acesso em: 22 jan. 2021.
FABIANI, D. J. F.; SILVA, L. F. N.; SCAGLIA, A. J. A cultura material na Educação Física. In: VII Congresso de Ciência do Desporto. VI Simpósio Internacional de Ciência do Desporto. Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), 2019.
FARIA FILHO, L. M. Dos pardieiros aos palácios: forma e cultura escolares em Belo Horizonte (1906/1918). Tese de Doutorado (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 1996.
FARIA FILHO, L. M. O espaço escolar como objeto da história da educação: algumas reflexões. Revista da Faculdade de educação, v. 24, n. 1, p. 141-159, 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000100010 Acesso em: 3 Set. 2020.
FOLHA DE SÃO PAULO, Mapa do brincar. São Paulo, SP, 2017. Disponível em: < http://mapadobrincar.folha.com.br/ > Acesso em: 03 Set. 2020.
GAUSSOT, L. Le jeu de l’enfant et la construction sociale de la réalité. Le Carnet PSY, v.62, n.2, p.22-29, 2001. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-le-carnet-psy-2001-2-page-22.htm Acesso em: 3 Set. 2020.
GRAUE, M. E. WALSH, D. J. A investigação etnográfica com crianças: teorias, métodos e ética. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003.
GRILLO, R. M. Mediação semiótica e jogo na perspectiva histórico-cultural em educação física escolar. Tese (Doutorado em Educação Física), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2018.
GRILLO, R. M.; SANTOS RODRIGUES, G.; NAVARRO, E. R. Cultura Lúdica: uma revisão conceitual à luz das ideias dos intelectuais dos estudos de jogo, cultura de jogo e cultura do lúdico. Arquivos em movimento, v.15, n.2, p.174-93, 2019. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/am/article/view/27838 Acesso em: 3 Set. 2020.
GRILLO, R. M.; ALMEIDA, M. T. P. A cultura lúdica infantil à luz das teorias de B. Sutton-Smith e Helen B. Schwartzman. In: Marcos Teodorico Pinheiro de Almeida. (Org.). Jogos analógicos, digitais e híbridos: experiências e reflexões. 1ed.Fortaleza/CE: Instituto Nexos, 2021.
GRILLO, R. M.; NAVARRO, E. R.; SANTOS RODRIGUES, G. Cultura Lúdica: entre a Etnotecnologia e a Microssociedade lúdica. In: Giovanna Sayuri Garbelini Ota; Gilson Santos Rodrigues. (Org.). Tecnologia e Educação: aproximações, possibilidades e reflexões. 1ed.São Paulo: V&V Editora, 2021.
JARDIM, C. S. Brincar: um campo de subjetivação na infância. São Paulo: Annablume, 2003.
JAULIN, R. Juegos y Juguetes. Ensayos de etnotecnología. México, Siglo Veintiuno Editores, 1981.
JOBIM e SOUZA, S.; SALGADO, R. G. A criança na idade mídia: reflexões sobre a cultura lúdica, capitalismo e educação. In: SARMENTO, M.; GOUVEIA, M. C. S. (Org.). Estudos da infância: educação e práticas sociais. Petrópolis-RJ: Vozes, 2008. p. 207-221.
KETZER, S. M. A criança, a produção cultural e a escola. In: JACOBY, S. (Org). A criança e a produção cultural: do brinquedo a literatura. Porto Alegre/RS: Mercado Aberto, 2003.
KISHIMOTO, T. M. Jogos tradicionais infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis: Vozes, 1993.
KORCZAK, J. Quando eu voltar a ser criança. São Paulo: Summus, 1981.
KRAMER, S. Autoria e autorização: questões éticas na pesquisa com crianças. Cadernos de Pesquisa, n.116, p.41-59, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/cp/n116/14398.pdf Acesso em: 22 fev. 2021.
LAVILLE, C.; DIONNE, J. A construção do saber: manual de metodologia da pesquisa em ciências humanas. Tradução Heloísa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Artmed, 1999.
LINCOLN, Y; GUBA, E. Naturalistic inquiry. Beverly Hills, CA: Sage, 1985.
LUDKE, M.; ANDRÉ. M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1998.
MARIN, E. C. Jogo tradicional: patrimônio material e imaterial. Congreso Argentino e Latinoamericano de Educación Física y Ciencias. Anais..., Ensenada, Buenos Aires, Argentina, 2017.
MINAYO, M. C. S. (org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1994.
NOZU, W. C. S.; KASSAR, M. C. M. Inclusão em Escolas das Águas do Pantanal: entre influências globais e particularidades locais. Revista Educação Especial, v.33, p.68-1-30, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/49204 Acesso em: 22 fev. 2021.
OLIVEIRA, P. S. Brinquedo e indústria cultural. Petrópolis: Vozes, 1986.
OPIE, I. A.; OPIE, P. Children’s Games in Street and Playground. Oxford: Clarendon Press, 1969.
PARLEBAS, P. Juegos, Deporte y Sociedad. Léxico de Praxiología Motriz. Barcelona: Paidotribo, 2001.
PEREIRA, B.; PALMA, M.; NÍDIO, A. Os jogos tradicionais infantis: O papel do brinquedo na construção do jogo. In: CONDESSA, I. C. (org.). (Re)aprender a brincar: Da especialidade à diversidade. Ponta Delgada, 2009, p.103-114.
REBOREDO, A.; ESPINOSA, A. Jugar es un acto político: El juguete industrial, recurso de Dominación. México: Centro de Estudios Económicos y Sociales del Tercer Mundo. Nueva Imagen, 1983.
ROSSIE, J-P. Toys, play, culture and society: an anthropological approach with reference to North Africa and the Sahara. Stockholm: SITREC/KTH, 2005.
SCHWARTZMAN, H. B. Transformations: Anthropology of children’s play. New York: Plenum, 1978.
SUTTON-SMITH, B. (Ed.). The folkgames of children. Austin: University of Texas Press, 1973.
SUTTON-SMITH, B. Toys as culture. New York: Gardner Press, 1986.
SUTTON-SMITH, B. The ambiguity of play. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1997.
TERRITÓRIO DO BRINCAR. (documentário). Dir. David Reeks e Renata Meirelles. Prod. Estela Renner, Luana Lobo e Marcos Nisti. Roteiro: Clara Peltier e Renata Meirelles. Brasil, cor., 90 min. 2015. Disponível em: < www.territoriodobrincar.com.br > Acesso em: 30 jan. 2021.
TOMASELLO, M.; KRUGER, A.; RATNER, H. Cultural learning. Behavioral and Brain Sciences. Cambridge, v.16, p. 495–552, 1993. Disponível em: https://www.cambridge.org/core/journals/behavioral-and-brain-sciences/article/abs/cultural-learning/C1CB7EA0CF7D53D14AA31633D7AF82BF Acesso em: 30 jan. 2021.
TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.
VANDERMARLIÈRE, B. L’Industrie du jouet. Paris: UNESCO, 1978.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Tradução de Daniel Grassi – 2.ed. - Porto Alegre: Bookman, 2001.
ZAIM-DE-MELO, R. É possível o beisebol ser trabalhado nas aulas de Educação Física escolar? Lecturas Educación Física y Deportes, v. 13, p. 1-5, 2008. Disponível em: https://www.efdeportes.com/efd119/beisebol-nas-aulas-educacao-fisica-escolar.htm Acesso em: 30 jan. 2021.
ZAIM-DE-MELO, R. Jogar e brincar de crianças pantaneiras: um estudo em uma “escola das Águas”. Tese (Doutorado em Educação). Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
ZAIM-DE-MELO, R.; DUARTE, R. M.; SAMBUGARI, M. R. N. Jogar e brincar de crianças pantaneiras: um estudo em uma “escola das águas”. Pro-Posições, Campinas, v.31, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pp/v31/1980-6248-pp-31-e20180052.pdf Acesso em: 30 jan. 2021.
ZERLOTTI, P. H. Os saberes locais dos alunos sobre o ambiente natural e suas implicações no currículo escolar: um estudo na Escola das Águas – Extensão São Lourenço, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, 2014.
ZIMMERMANN, A. C. O jogo: sobre encontro e tradições. In: ZIMMERMANN, A. C.; SAURA, S. C. (Orgs.). Jogos Tradicionais. São Paulo: Editora Laços, 2014. p.153-164.